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Recentemente foi publicada 4a definição universal do infarto do miocárdio, através da força tarefa americana (ACC e AHA), européia (ESC) e balizada pela Federação Mundial de Saúde (WHF). Algumas alterações foram modificadas em relação à definição anterior. Estas modificações valorizam ainda mais a dosagem da troponina para diagnóstico de infarto.
A elevação crônica da troponina, definida como ausência de subida e queda e com variação menor que 20% já excluímos o diagnóstico de infarto. Para o diagnóstico de infarto é necessário fazer a curva.
Diferença entre injúria e infarto: Tem que ter elevação da Troponina acima do percentil 99 associada à pelo menos uma das condições abaixo caracteriza infarto do miocárdio:
1) Sintomas isquêmicos típicos
2) Nova alteração do ECG
3) Exame de imagem demonstrando nova perda de miocárdio e que tenha padrão isquêmico (evidência inequívoca na ressonância)
4) Trombose coronária evidenciada no cateterismo ou autópsia
Na injúria, não existem as alterações acima, e pode estar presente na IC descompensada, insuficiência renal crônica, choque (incluindo séptico), anemia, taquiarritmia, acidente vascular cerebral cardiotoxicidade, Takotsubo, miocardite, desfibrilação, etc. A injúria é aguda, quando exibe curva com elevação e queda do marcado.
O ECG deve ser realizado a cada 15-30 minutos em pacientes com suspeita nas primeiras 2 horas (buscando alterações dinâmicas, com mais especificidade). Para fins de diagnóstico de IAM, o ECG anormal teria:
Supradesnivelamento do segmento ST em 2 derivações contíguas (>1mm, e no caso de V2 e V3 até 2,5mm como nos homens com menos de 40 anos)
Infradesnivelamento do segmento ST típico em 2 derivações (>0.5mm)
Ondas T negativas (>1 mm)
Novo BRE ou BRD (não FC dependente)
Surgimento de ondas Q patológicas
Registrar V7 e V8 em ECG considerados normais quando a clínica for muito sugestiva.
Elevação isolada de aVR equivale ao supra-ST (IAM com supra)
Angiotomografia coronária poderia ser opção ao cateterismo nos casos suspeitos com baixo a moderado risco.
Ressonância magnética cardíaca se mostra essencial para definir o tipo de injúria miocárdica (isquêmica, miocardite, takotsubo, etc)
O artigo não define um ponto de corte de troponina que poderia ser mais típico de infarto do que injúria, mas indiretamente valoriza essa magnitude quando comenta que elevações acima de 5 e 10 vezes o limite (p99) são usadas no diagnóstico de IAM relacionado a angioplastia e cirurgia cardíaca respectivamente. Essa magnitude de elevação permitiria inclusive nos infartos do tipo 4 e 5 utilizar a troponina isoladamente para o diagnóstico, sem a necessidade de outro critério (por exemplo, clínico).
Reinfarto pode ser definido quando existe elevação maior que 20% da troponina, desde que a mesma esteja estável ou em queda.
O artigo comenta ainda sobre a utilização preferencial da troponina ultra-sensível, mas esclarece que cada kit pode ter variações e pontos de corte que são definidos pelo laboratório e que poderiam modificar a acurácia do exame.
A classificação dos tipos de Infarto (tipo 1, 2, 3, 4 e 5) continua a mesma.
Referência: Thygesen K, Alpert JS, Jaffe AS, et al. Quarta definição universal do infarto do miocárdio (2018) – ESC/ACC/AHA/WHF. Am Coll Cardiol 2018; Aug 25.