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As cardiopatias congênitas (CC) ocorrem em 0,6% dos nascidos vivos, excluindo-se a válvula aórtica bicúspide que tem prevalência de 1 – 2%.
No passado a sobrevivência de pacientes portadores de cardiopatia congênita até a idade adulta era incomum, especialmente para os portadores de CC complexas. Atualmente aproximadamente 85 – 90% dos nascidos com CC alcançam a vida adulta, formando uma nova população de “ADULTOS COM CARDIOPATIA CONGÊNITA”, apresentando desafios para seu manuseio e correta orientação.
O número de adultos com CC nos países desenvolvidos ultrapassam o número de crianças, em função da maior sobrevida e de mudanças demográficas.
A cura completa de um defeito cardíaco congênito é excepcional e muitos pacientes na vida adulta continuam a merecer cuidados especializados em função de problemas residuais e ou seqüelas.
Potenciais complicações incluem: arritmia, insuficiência cardíaca, hipertensão pulmonar, endocardite, eventos tromboembólicos. São relevantes as orientações para gravidez, contracepção, atividades físicas, cirurgia não cardíaca.
A maioria desses pacientes necessita de acompanhamento com médicos especializados na área, o que é muito difícil em nosso meio. Quando crianças são orientadas por cardiologistas pediátricos em serviços especializados em cardiologia infatil, observa-se um grande hiato na formação dos cardiologistas de adultos nesta área, assim como de centros especializados para lidarem com adultos portadores de cardiopatia congênitas.
Os Cardiologistas de adulto geralmente demonstram pouco interesse para lidar com CC e não recebem treinamento especializado. Os cardiologistas pediátricos por outro lado, geralmente não são treinados para manuseio das doenças adquiridas de adultos.
O momento oportuno para a nova intervenção exige decisão multidisciplinar, com o apoio do HEART TEAM, com trabalho integrado com as equipes clínica, cardiologia intervencionista e cirurgia cardiovascular.
As arritmias são complicações tardias muito comuns na vida adulta desses pacientes, em função das cicatrizes cirúrgicas e ou de distúrbios hemodinâmicos. São representados por bradi ou taquiarritmia, atriais e ou ventriculares, muitas vezes necessitando de intervenção com ablação, implantes de marca-passo ou Cardiodesfibrilador (CDI).
Desafio especial é representado por pacientes portadores de cardiopatias complexas, não operadas na infância, muitos com cianose e ou hipertensão pulmonar. O manuseio correto destas situações exige interface multidisciplinar com equipes de pneumologia, hematologia e fisioterapia, entre outros.
As intervenções não cardíacas nestes pacientes exigem protocolos especiais, para se avaliar a interferência dos anestésicos, ventilação mecânica, uso de drogas vasoativas. e reposição volêmica, entre outros. Há necessidade de interface com a equipe de anestesiologia e de pós-operatório para correto manuseio destas situações clínicas.
A equipe de cardiologia do HMT possui profissionais preparados para o acompanhamento e orientação terapêutica destes pacientes, atuando de forma integrada com o HEART TEAM e com as demais equipes do hospital.
Referências Bibliográficas:
Perloft, Joseph K.: Congenital Heart Disease in adults. Third Edition