Walter Rabelo

Dr. WalterRabelo

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A fibrilação atrial é um dos motivos mais comuns para se indicar anticoagulação oral. Por outro lado a dupla anti-agregação com Ácido Acetil Salicílico (AAS) associado a um inibidor do ADP (Clopidogrel,Ticagrelor ou Prasugrel) até então é considerado a terapêutica mais adequada após uma síndrome coronariana aguda com implante de stent. O que fazer diante de um paciente com fibrilação atrial em us de anticoagulante oral que apresenta uma síndrome coronariana aguda?

Estudos anteriores já conhecidos na literatura tentaram responder e pergunta, mas com número menor de pacientes.

Apresentando no último congresso de cardiologia (ACC) o estudo Augustus tenta responder à pergunta como veremos a seguir.  O estudo teste duas hipóteses: A primeira pergunta: Pacientes com fibrilação atrial que apresentam um quadro de insuficiência coronariana aguda submetidos ou não a implante de stent em uso de inibidor P2Y12 (Clopidogrel, Ticagrelor ou Prasugrel) será melhor usar varfarina ou Apixabana na dose habitual?  A segunda pergunta: Nesses pacientes seria melhor usar Acido Acetil Salicílico ou placebo?

A escolha do agente inibidor da P2Y12 ficava a cargo do médico assistente. Lembrando que as opções que temos são clopidogrel, prasugrel e ticagrelor. A dose da apixabana podia ser reduzida para 2,5 mg dia de acordo com a indicação da literatura. A dose de AAS foi 81 mg MID.

Endpoint primário: sangramento relevante ou maior. 

Endpoints secundários incluíam morte + eventos isquêmicos como AVC, IAM, trombose de stent e necessidade de revascularização de urgência.

4614 pacientes foram incluídos fazendo deste o maior estudo sobre o tema até o momento.

Cerca de 61% dos pacientes eram agudos e o restante foram pacientes submetidos a angioplastia na presença de doença coronária crônica.

Clopidogrel foi o inibidor P2Y12 usado em 92,6% dos casos

Resultados: Os pacientes que usaram apixabana + inibidor P2Y12 sangraram menos que os pacientes que usaram varfarina + inibidor P2Y12

Major/CRNM: Sangramento maior/sangramento relevante.

Esses dados preencheram critérios de superioridade para a Apixabana. Para cada 24 paciente tratados com Apixabana ocorreu um sangramento maior a menos no período de follow-up do estudo que foi de 6 meses. No que diz respeito ao AAS os pacientes que fizeram uso sangraram mais do que aqueles que não usaram. Para cada 14 pacientes que usaram AAS ocorreu um sangramento a mais no período de 6 meses. Assim não utilizar AAS foi mais importante na redução de sangramentos do que substituir Varfarina por Apixabana.

Opinião Pessoal: Em se tratando de angioplastia coronária sem nenhum grau de complexidade podemos evitar a Aspirina. Naquelas angioplastias mais complexas, com maior número de vasos tratados, por enquanto acredito que devemos utilizar da Aspirina pelo menos 30 dias e seguir com a terapêutica dupla, ou seja, ACO e um inibidor de P2Y12.