Dr. Roberto Luiz Marino

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rlmarino@cardiol.br

 

 

Definição de consumo:

Baixo-moderado: até 1 drinque ou 12,5g de álcool diário para mulheres e até 2drinques diários, ou 25g de álcool, para homens.

– Os efeitos do consumo de álcool são variados e dependem de diversos, fatores como o tipo de álcool, padrão dietético e nutricional, educacional e genéticos(metabolismo).

– O risco individual é variado a depender dos seus efeitos sobre o coração normal, comparado com os que apresentam doenças cardíacas já estabelecidas e em particular a disfunção do ventrículo esquerdo, arritmias cardíacas, especialmente a fibrilação atrial e no maior risco de acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico ou hemorrágico.

– O consumo semanal “Leve a moderado” do álcool como descrito, não deve ser utilizado em um único dia da semana, pois, o uso “pesado” episódico definido como igual ou maior do que 5 drinques em um único dia, esta associado a maiores efeitos adversos cardiovasculares e mortalidade por todas as causas, podendo também ser “gatilho” para a ocorrência do infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC), isquêmico ou hemorrágico.

Tipo de Álcool

Não há certeza se algum tipo de álcool seja pior (cerveja ou destilado) e outros protetores (vinho). Nas análises há fatores que confundem e podem induzir a erros de interpretação, tais como estado sócio-econômico e padrão de uso do álcool, entre outros. O mais importante está relacionado a quantidade de álcool utilizado, do que do seu tipo.

Álcool na presença de Disfunção do Ventrículo Esquerdo

O risco abusivo do álcool esta associado ao desenvolvimento de “MIOCARDIOPATIA ALCOOLICA”, devendo seu uso ser totalmente abolido na presença da patologia.

O estudo SOLVD apresentou dados paradoxais para os indivíduos com disfunção sistólica do VE, sugerindo benefícios para o consumo baixo-moderado, no entanto, este aparente paradoxo não ficou bem definido devido a diferenças na quantidade de álcool consumido e na melhor definição dos sub-grupos patológicos do estudo, que não foi direcionado para esta finalidade. (análise pos-hoc). De qualquer forma é absolutamente desaconselhável a indicação de um potencial agente tóxico para o miocárdio para pacientes que já apresentem injúria miocárdica.

Comentários Finais:

Faltam evidências científicas definitivas para responder com precisão ao tema em questão, e seriam necessários estudos randomizados com análise das diversas variáveis associadas. Dificuldades na realização dos estudos são inúmeras, entre outras, barreiras éticas, elevado número de indivíduos a serem acompanhados com muitas variáveis, elevada taxa de cross-over.

Frente à realidade de que nunca poderemos responder a questão imposta no título, uma orientação pendente é de “aceitar” (não recomendar) o consumo de álcool ao nível leve-moderado para indivíduos  sem miocardiopatia ou cirrose.

Mesmo se tiver algum efeito benéfico, mesmo modesto, as consequências para a saúde ainda são negativas, quando consideramos o aumento no risco de câncer, doenças hepáticas como a cirrose e de acidente vascular cerebral (hemorragia intracerebral).

 

Não há, portanto, dados suficientes para justificar a recomendação do uso de álcool com a finalidade de prevenir eventos cardiovasculares.