Dr. WalterRabelo

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Diagnóstico e Gerenciamento Temporal de Pacientes com Infarto do Miocárdio na Ausência de Doença arterial Coronariana obstrutiva –  Declaração Científica da American Heart Association –  (MINOCA)

 

 

A seguir, os pontos-chave a serem lembrados nesta Declaração Científica da American Heart Association sobre o diagnóstico e o manejo do infarto do miocárdio na ausência de doença arterial coronariana obstrutiva (MINOCA):

  1. MINOCA ocorre em 5-6% dos casos de infarto agudo do miocárdio (IAM) .
  2. Pacientes com MINOCA são frequentemente mais jovens, mais comum em mulheres e menos propensos a ter dislipidemia.
  3. O diagnóstico de MINOCA deve ser feito de acordo com a Quarta Definição Universal de IM, na ausência de doença arterial coronariana (DAC) obstrutiva (sem lesão ≥50%).
  4. O diagnóstico de MINOCA deve excluir: 1) outras causas evidentes de troponina elevada (por exemplo, embolia pulmonar, sepse, etc.), 2) doença coronariana obstrutiva negligenciada (por exemplo, estenose distal ou pequenos ramos ocluídos) e 3) causas não-isquêmicas de lesão miocárdica ( por exemlo Miocardites).
  5. A doença coronariana não obstrutiva documentada por cinecoronariografia deve ser diferenciada entre pacientes com artérias coronárias normais e com mínimas irregularidades luminais (<30% de estenose) e aterosclerose coronariana leve a moderada (30% a <50%). Medidas da reserva de fluxo coronarioano (FFR) pode ser útil. A síndrome de Takotsubo deve ser considerada separadamente, uma vez que não é considerada um IM pela Quarta Definição Universal de IM.
  6. A ruptura não-obstrutiva da placa é comum em MINOCA e abrange a ruptura da placa, a erosão da placa e calcificações. Os autores recomendam a utilização de tomografia ou ultrassonografia intravascular em pacientes com evidência de DAC não obstrutiva por angiografia.
  7. O vasoespasmo coronário é outra causa comum de MINOCA, definida como maior que 90% de vasoconstrição de uma artéria coronária epicárdica resultando em comprometimento do fluxo sanguíneo coronariano.
  8. A técnica padrão-ouro para o diagnóstico de espasmo coronariano é a administração de bolus de acetilcolina intracoronária em altas doses, com a avaliação da cinecoronariografia.
  9. A disfunção microvascular coronária pode contribuir para o MINOCA e requer investigação adicional.
  10. A trombose coronária ou embolia podem resultar em MINOCA, com ou sem estado de hipercoagulabilidade.
  11. A dissecção espontânea da artéria coronária deve ser considerada como causa do MINOCA.
  12. O manuseio do MINOCA é baseado em evidências limitadas e não há estudos prospectivos, randomizados e controlados. Medicamentos (aspirina, estatina, betabloqueadores, clopidogrel, inibidores da enzima conversora da angiotensina / bloqueadores dos receptores da angiotensina) devem ser considerados com base no mecanismo subjacente ao MINOCA em cada indivíduo. Se houver alguma evidência de aterosclerose, os fatores de risco modificáveis ​​para DAC devem ser tratados de forma agressiva.
  13. O vasoespasmo coronariano é melhor tratado com bloqueadores dos cansis de cálcio, e os benefícios dos nitratos de ação prolongada são menos claros.
  14. Pesquisas adicionais sobre MINOCA são necessárias para determinar a eficácia de medicamentos destinados à prevenção secundária do IAM.

 

 

Circulation. 2019; 139: e891–e908. DOI: 10.1161/CIR.0000000000000670