Insuficiência mitral: causas e tratamentos

A insuficiência mitral é uma das doenças valvares mais frequentes na prática cardiológica e pode afetar significativamente a qualidade de vida do paciente, além de representar risco à saúde quando não tratada de forma adequada. Assim, ela ocorre quando a válvula mitral não se fecha corretamente, permitindo o refluxo de sangue do ventrículo esquerdo para o átrio esquerdo. O problema pode também acontecer com a válvula mitral estruturalmente normal, na presença de dilatação do ventrículo esquerdo do coração, que não permite o fechamento adequado da válvula. Essa falha no mecanismo valvar compromete o funcionamento eficiente do coração e, com o tempo, pode levar à dilatação das câmaras cardíacas, arritmias e insuficiência cardíaca.

Os sintomas nem sempre aparecem de forma precoce, o que pode atrasar o diagnóstico. Por isso, é essencial compreender as causas da insuficiência mitral, identificar seus sinais e saber quando o tratamento clínico é suficiente e quando a cirurgia é necessária.

Neste artigo, você vai entender os principais aspectos dessa condição: o que causa a insuficiência mitral, como ela se manifesta, quais são os exames mais indicados e as opções terapêuticas atualmente disponíveis — incluindo os avanços em técnicas minimamente invasivas.

O que é insuficiência mitral?

A insuficiência mitral é uma das doenças mais comuns que afetam as válvulas cardíacas. Ela ocorre quando a válvula mitral, que separa o átrio esquerdo do ventrículo esquerdo, não se fecha completamente, permitindo, então, o refluxo do sangue no sentido contrário ao fluxo normal. Dessa forma, esse escape sobrecarrega o coração e pode comprometer a circulação sanguínea de maneira significativa ao longo do tempo. Basicamente, ocorre o aumento da pressão em certas câmaras do coração, como o átrio esquerdo e o ventrículo esquerdo, o que, por sua vez, pode aumentar as pressões da circulação pulmonar. Isso gera um “aumento do líquido” nos pulmões, e falta de ar progressiva.

O coração tenta compensar esse problema por meio da dilatação do ventrículo esquerdo e do aumento da contração, mas essa adaptação tem limite. Quando não tratada, a insuficiência mitral pode levar à insuficiência cardíaca e à piora progressiva dos sintomas, principalmente falta de ar, fadiga e incapacidade de realizar atividades rotineiras.

Principais causas da insuficiência mitral

As causas da insuficiência mitral podem ser variadas, e compreender sua origem é essencial para determinar o melhor tratamento. A seguir, listamos as causas mais frequentes:

1. Prolapso da válvula mitral

É a causa mais comum em países desenvolvidos. Ocorre quando uma ou ambas as cúspides da válvula se projetam de forma anormal para o átrio esquerdo durante a contração do ventrículo, podendo gerar refluxo de sangue para o átrio. O prolapso da válvula mitral é um achado benigno na maioria das pessoas mas, quando existe uma regurgitação progressiva através da válvula mitral, pode estar havendo uma degeneração progressiva da mesma.

2. Cardiopatia reumática

Doença inflamatória pós-infecciosa, ainda prevalente em países em desenvolvimento, que pode danificar as válvulas cardíacas e provocar estenose ou insuficiência. Então, a Cardiopatia Reumática decorre de uma reação anormal do organismo contra bactérias causadoras de amigdalite (estreptococos), gerando anticorpos que atacam a estrutura das válvulas, por similaridade com algumas moléculas das bactérias. É uma doença de cunho social, que decorre de tratamento inadequado das infecções de garganta, e da falta de prevenção secundária com antibióticos injetáveis (Benzetacil) quando ocorre algum sinal de febre reumática ou doença reumática do coração.

3. Infarto do miocárdio

O infarto pode afetar os músculos papilares e as cordas tendíneas que sustentam a válvula mitral, levando à disfunção súbita ou crônica da válvula.

4. Dilatação do ventrículo esquerdo

Quando o ventrículo se dilata por causa de outras doenças cardíacas, a válvula mitral pode perder sua capacidade de vedação, gerando insuficiência secundária (ou funcional).

5. Endocardite infecciosa

Infecção da válvula que pode causar destruição parcial ou completa da estrutura valvar, resultando em insuficiência aguda grave.

Sintomas da insuficiência mitral

A evolução da insuficiência mitral pode ser silenciosa, especialmente nos estágios iniciais. Com o tempo, os seguintes sintomas podem se manifestar:

  • Falta de ar aos esforços;
  • Cansaço progressivo;
  • Palpitações;
  • Inchaço nas pernas;
  • Tosse noturna e ortopneia (falta de ar ao deitar);
  • Em casos agudos, sintomas semelhantes a edema agudo de pulmão.

Diagnóstico da insuficiência mitral

O diagnóstico começa com uma avaliação clínica detalhada e ausculta cardíaca, na qual o médico pode identificar um sopro característico. Exames complementares são fundamentais para confirmar a suspeita:

  • Ecocardiograma transtorácico (principal exame diagnóstico);
  • Ecocardiograma transesofágico, para casos complexos e para visualização mais adequada de certas estruturas do coração;
  • Eletrocardiograma e raio-x de tórax, para avaliar repercussões;
  • Ressonância magnética cardíaca, quando necessário;
  • Cateterismo cardíaco, em casos de cirurgia programada e para a resolução de dúvidas entre o exame clínico e outros exames complementares, como o ecocardiograma.

Quando a insuficiência mitral exige tratamento?

Nem todos os casos precisam de intervenção imediata. O tratamento depende da gravidade da insuficiência mitral, dos sintomas e da função ventricular.

Tratamento clínico

É indicado nos casos leves ou em pacientes que ainda não apresentam sintomas. Pode incluir:

  • Diuréticos (para aliviar a congestão);
  • Vasodilatadores;
  • Betabloqueadores;
  • Tratamento das causas associadas, como hipertensão ou fibrilação atrial.

Tratamento cirúrgico

A cirurgia está indicada nos seguintes cenários:

  • Insuficiência mitral moderada ou grave com sintomas;
  • Comprometimento progressivo da função do ventrículo esquerdo;
  • Refluxo importante com dilatação ventricular;
  • Casos agudos com instabilidade clínica.
  • Aumento documentado das pressões da circulação dos pulmões, ou surgimento de arritmias – especialmente a fibrilação atrial – decorrentes da sobrecarga causada pela insuficiência mitral.

A cirurgia pode ser feita por:

  • Reparo cirúrgico da válvula mitral (preferido sempre que possível);
  • Troca valvar, com prótese biológica ou mecânica, quando o reparo não é viável.
  • Reparo transcateter da válvula mitral (clipagem da valva mitral), quando não há condições clínicas adequadas para o procedimento cirúrgico, ou em caso de regurgitação mitral funcional (secundária à disfunção do ventrículo esquerdo).

Técnicas modernas: válvula mitral por cateter

Nos últimos anos, surgiram alternativas menos invasivas para o tratamento da insuficiência mitral, como o implante de clip mitral (MitraClip® ou Pascal®), especialmente indicado para pacientes com risco cirúrgico elevado, ou em casos de insuficiência mitral secundária à dilatação grave do ventrículo esquerdo (insuficiência cardíaca), quando o paciente permanece sintomático apesar do tratamento clínico adequado e otimizado. Esse procedimento é realizado por cateterismo, sem necessidade de cirurgia aberta, e tem mostrado bons resultados em centros especializados.

Monitoramento e acompanhamento

Após o diagnóstico, é fundamental o acompanhamento regular com cardiologista, mesmo nos casos que não exigem cirurgia imediata, porque o controle rigoroso dos fatores de risco, como hipertensão, arritmias e doenças coronarianas, ajuda a retardar a progressão da insuficiência mitral.

Um olhar para o futuro

Avanços em imagem cardíaca, técnicas cirúrgicas minimamente invasivas e terapias por cateter vêm revolucionando o tratamento da insuficiência mitral, pois, com diagnóstico precoce e acompanhamento adequado, é possível manter boa qualidade de vida e evitar complicações graves.

Neste cenário, é importante manter o acompanhamento com seu cardiologista, que irá solicitar exames seriados, com intervalos adequados à sua condição clínica e ao estágio da insuficiência mitral, indicando o tratamento no momento apropriado, antes que sequelas graves se instalem.


Insuficiência mitral exige diagnóstico e tratamento precisos

A insuficiência mitral é uma condição que pode evoluir de forma silenciosa, mas trazer impactos significativos à saúde cardíaca se não for tratada adequadamente. O diagnóstico precoce e o acompanhamento especializado fazem toda a diferença no prognóstico do paciente.

Então, se você apresenta sintomas como cansaço excessivo, falta de ar ou possui histórico familiar de doenças valvares, agende uma consulta no Centro de Cardiologia do Hospital Madre Teresa. Afinal, nossa equipe é referência em cardiologia, com profissionais experientes, estrutura de ponta e abordagem humanizada em cada atendimento.

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Até a próxima leitura!