Uso crônico de anti-inflamatórios e risco cardiovascular

Os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) são amplamente utilizados para tratar dores, inflamações e desconfortos musculoesqueléticos. No entanto, quando seu uso se torna frequente e prolongado, especialmente sem supervisão médica, pode representar um risco significativo à saúde cardiovascular. O risco não é apenas em relação ao sistema cardiovascular, mas também a outros órgãos, como rins e sistema digestivo (estômago, intestino). Então, são necessárias precauções.

Então, neste artigo, você vai entender como o uso crônico de anti-inflamatórios afeta o coração, quais medicamentos oferecem mais riscos, quem deve ter mais atenção e quais alternativas seguras podem ser adotadas..

O que são os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs)?

Os AINEs são medicamentos que reduzem a inflamação, aliviam a dor e combatem a febre. Eles atuam inibindo enzimas chamadas cicloxigenases (COX), responsáveis pela produção de prostaglandinas, substâncias envolvidas no processo inflamatório. Bloqueando estas enzimas, os medicamentos reduzem os sintomas de inflamação, como a dor, o inchaço, a vermelhidão e o desconforto em geral.

Os principais exemplos de AINEs incluem:

  • Ibuprofeno
  • Diclofenaco
  • Naproxeno
  • Cetoprofeno
  • Piroxicam
  • Nimesulida

Seu uso é comum em quadros de artrite, dores musculares, lesões ortopédicas, dores crônicas e cefaleias.

Uso crônico de anti-inflamatórios: por que é perigoso?

Quando usados por longos períodos ou em doses elevadas, os AINEs podem afetar a função renal, o trato gastrointestinal e, principalmente, o sistema cardiovascular. O risco se torna ainda mais relevante em pessoas com predisposição a doenças cardíacas, hipertensão ou histórico de eventos cardiovasculares.

Como os AINEs afetam o sistema cardiovascular?

O uso crônico de anti-inflamatórios pode:

  • Aumentar a pressão arterial
    Muitos AINEs retêm sódio e reduzem a função renal, levando à elevação da pressão arterial, especialmente em hipertensos. Além disso, o uso prolongado pode causar danos repetidos aos rins, levando à sua falência no longo prazo, especialmente – mas não somente – em pessoas predispostas e naquelas que já têm alguma doença renal.
  • Elevar o risco de infarto e AVC
    Ao inibir a COX-2, alguns AINEs reduzem as prostaglandinas protetoras do endotélio (camada interna dos vasos), favorecendo a formação de coágulos. Isso propicia a formação dos mesmos nas artérias do coração, do cérebro e até mesmo periféricas, levando a eventos graves.
  • Descompensar pacientes com insuficiência cardíaca
    Os anti-inflamatórios podem causar retenção de líquidos e aumentar a sobrecarga cardíaca. Além disso, sua interação pode reduzir a ação de medicamentos para o tratamento da Insuficiência Cardíaca.
  • Interagir com medicamentos de uso contínuo
  • Eles podem reduzir a eficácia de anti-hipertensivos, medicamentos para insuficiência cardíaca, doença coronariana e outras doenças cardiovasculares,  podendo e potencializar muito o risco de eventos adversos.

Quais são os AINEs mais associados ao risco cardiovascular?

De forma geral, os AINEs seletivos para COX-2, como celecoxibe, e os não seletivos, como diclofenaco, apresentam maior associação com eventos cardiovasculares.

Em contrapartida, o naproxeno é considerado o AINE com menor impacto nesse aspecto, embora também não seja isento de riscos.

Importante: até mesmo o uso esporádico pode ser perigoso em pacientes com alto risco cardiovascular. Ou seja, mesmo com a utilização de medicamentos teoricamente menos lesivos, todo cuidado deve ser tomado para se minimizar as doses e o tempo de uso, restringindo os mesmos ao período extremamente necessário para tratamento da dor e outros sintomas.

Quem deve ter mais atenção?

As seguintes populações merecem atenção redobrada:

  • Pessoas com histórico de infarto, AVC ou angina
  • Pacientes com insuficiência cardíaca
  • Hipertensos e diabéticos
  • Idosos
  • Pacientes com insuficiência renal crônica
  • Usuários de medicamentos anticoagulantes ou antiplaquetários
  • Pacientes em uso crônico de outras medicações potencialmente lesivas ao rim.

Existe alternativa ao uso crônico de anti-inflamatórios?

Sim. Dependendo da causa da dor ou inflamação, o médico pode indicar:

  • Analgésicos simples, como paracetamol;
  • Fisioterapia e reabilitação, reeducação postural global;
  • Terapias alternativas, como acupuntura, pilates, Lian Gong;
  • Controle de peso e fortalecimento muscular, atividades de peso e aeróbicas sob supervisão;
  • Mudanças no estilo de vida e atividade física regular;
  • Perda de peso e controle da alimentação.

O uso de AINEs, quando necessário, deve ser o mais breve possível e sempre com acompanhamento profissional.

Quando procurar um cardiologista?

Se você utiliza anti-inflamatórios com frequência ou convive com doenças crônicas como hipertensão, insuficiência cardíaca ou diabetes, é essencial realizar uma avaliação cardiológica periódica. A prevenção é sempre o melhor caminho para proteger o coração.

Uso crônico de anti-inflamatórios exige cuidado e orientação médica

A automedicação ou o uso prolongado de anti-inflamatórios sem acompanhamento pode trazer riscos silenciosos, porém graves. Na maioria das vezes suas consequências à saúde são percebidas pelo paciente apenas em estágios muito tardios, quando o dano aos órgãos já aconteceu. Proteger o coração envolve não apenas cuidar do que sentimos, mas também das decisões que tomamos no dia a dia — inclusive em relação aos medicamentos.

Se você faz uso regular de AINEs ou tem dúvidas sobre a segurança dos seus tratamentos,Se você faz uso regular de AINEs ou tem dúvidas sobre a segurança dos seus tratamentos, agende sua consulta no Centro de Cardiologia do Hospital Madre Teresa. Nossa equipe oferece uma abordagem completa, com tecnologia de ponta, protocolos atualizados e acolhimento em todas as etapas. Além disso, nossa equipe multidisciplinar pode te ajudar com questões que vão além da Cardiologia, auxiliando também em medidas de mudança de estilo de vida, reeducação alimentar, supervisão de atividades físicas, dentre outras abordagens para evitar a necessidade e o uso crônico de medicações potencialmente perigosas.

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Até o próximo!